terça-feira, 6 de março de 2018

AS BASES DO TRANSFORMAR-SE - COMO CONHECER-SE




“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelo esforço que empreende no domínio das más inclinações.” ( Allan Kardec. E Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap XVII. Sede Perfeitos. Os Bons Espiritistas.)

A disposição de conhecer-se a si mesmo pode surgir naturalmente como fruto do amadurecimento de cada um, de forma espontânea, nata, resultante da própria condição espiritual do indivíduo, ou poderá ser provocada pela ação do sofrimento renovador que, sensibilizando a criatura, desperta-a para valores novos do espírito. Uns chegam pela compreensão natural, outros, pela dor, que também é um meio de despertar a nossa compreensão.

Um grande número de indivíduos são levados, devido a desequilíbrios emocionais, a gabinetes psiquiátricos ou psicoterápicos para tratamentos específicos. Através desses tratamentos vêm a conhecer as origens de seus distúrbios, aprendendo a identifica-los e a controla-los, normalizando, até certo ponto,  a sua conduta. Porém, isso ocorre dentro de uma motivação de comportamento compatível com os padrões de algumas escolas psicológicas, quase todas materialistas.

Na Doutrina Espírita, como Cristianismo Redevivo, igualmente buscamos o conhecimento de nós mesmos, embora dentro de um sentido muito mais amplo, segundo o qual entendemos que a fração eterna e indissolúvel de nosso ser só caminha efetivamente na sua direção evolutiva quando pautando-se nos ensinamentos evangélicos, únicos padrões condizentes com a realidade espiritual nos dois planos da nossa existência. É preciso, então, despertar em nós a necessidade de conhecer o nosso íntimo, objetivando nosso transformação dentro do sentido cristão original, ensinado e exemplificado pelo Divino Mestre Jesus.

Conhecer exclusivamente as causas e as origens de nossos traumas e recalques, de nossas distonias emocionais nos quadros da presente existência é limitar os motivos dos nossos conflitos, olvidando a realidade das nossas existência anteriores, os delitos transgressores do ontem, que nos vinculam aos processos reequilibradores e aos reencontros conciliatórios do hoje.

As motivações que nos induzem a desenvolver nossa remodelação de comportamento projetam-se igualmente para o futuro da nossa eternidade espiritual, onde os valores ponderáveis são exatamente aqueles obtidos nas conquistas nobilitantes do coração.

Percebendo o passado longínquo de erros, trabalhamos livremente no presente, preparando um futuro existencial mais suave e edificante. Esse é o amplo contexto da nossa realidade espiritual, à qual almejamos nos integrar atuantes e produtivos.

O emérito professor Allan Kardec, em sua obra O Céu e o Inferno 1 parte, cap VII, mostra, nos itens 16. Do Código Penal da Vida Futura, que no caminho para a regeneração não basta ao homem o arrependimento. São necessárias a expiação e a reparação, afirmando que “A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o  mal”, e também “praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se tem sido orgulhosos, amável se foi rude, caridoso se foi egoísta, benigno se perverso, laborioso se ocioso, útil se foi inútil, frugal se intemperante, exemplar se não o foi”.

Como podemos nos reabilitar, entro dessa visão panorâmica da nossa realidade espiritual, infinitamente ampla, é o que pretendemos, à luz do Espiritismo, abordar neste trabalho de aplicação prática.

Reabilitar-se exige modificar-se, transformar o comportamento, a maneira de ser, de agir; é reformar-se moralmente, começando pelo conhecimento de si mesmo.

Múltiplas são as formas pelas quais vamos conhecendo a nós mesmos, nossas reações, nosso temperamento, o que imprime as nossas ações ao meio em que vivemos aquilo que é a maneira como respondemos emocionalmente, como reagimos aos inúmeros impulsos externos nos relacionamento social.

Podemos concluir que a nossa existência é todo um processo contínuo de reformulação de nossos próprios sentimentos de nossa compreensão dos porquês, com eles surgem e nos levam a agir.
Quando não procuramos deliberadamente nos conhecer, alargando os campos da nossa consciência, dirigindo-a rumo ao nosso eu, buscando identificar o porquê e a causa de tantas reações desconhecidas, somos igualmente levados a nos conhecer, exatamente nos entrechoques com aqueles do  nosso convívio, no seio familiar, no meio social, nos clubes recreativos, nos meios religiosos, enfim, em tudo o que compreende os contatos de pessoa a pessoa.

Nos capítulos seguintes (deste livro) veremos “o conhecer-se no convívio com o próximo”, “o conhecer-se pela dor”, “o conhecer-se pela auto-análise” e alguns meios práticos para realizarmos individualmente e em grupos a transformação que se inicia com a prática do conhecimento de nós mesmos.

Extraído do Livro Manual Prático do Espírita – Ney Pietro Peres

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