sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Auto-aceitação


Na psicologia contemporânea, a análise da evolução de trauma emocional deve seguir o seguinte sentido. O Trauma é seguido de um estado Confusional, depois, de uma Não Aceitação, depois exige um período de Racionalização, para só então o indivíduo voltar ao equilíbrio do qual se afastou pela dor sofrida.

Se observarmos bem essa dinâmica do sofrimento, veremos que o maior obstáculo para que o indivíduo volte à harmonia, após um processo doloroso, é a não aceitação, que pode ser manifestada como revolta, amargura, mágoa, indignação etc. 

O caso que apresentaremos hoje mostra uma orientação dada por Emmanuel, através de Chico, para uma senhora que acabara de perder dois filhos em um acidente. 

Ouçamos o caso.

As palavras de Chico Xavier estão sempre revestidas de luz, descortinando novos caminhos para os nossos passos. Ele é uma fonte inesgotável de bênçãos, dessedentando os corações cansados de sofrer no vale das provações humanas. Por isto, quando ele fala, todas as vozes se emudecem e todos os ouvidos se aguçam, a fim de guardar-lhe os ensinamentos nos escrínios da própria alma. 

Recordo-me de que, há muito tempo, uma mãe aflita, ao debruçar-se-lhe sobre os ombros, indagou em lágrimas:

"Chico, o que vou fazer agora da minha vida?! Perdi os meus filhos, Chico, num desastre... Morreram os dois... A minha dor é terrível... Estou desesperada..."

O episódio nos comovia a todos, no "Grupo Espírita da Prece", em Uberaba.

Fitando-a com os olhos igualmente repletos de lágrimas, o incansável servo do Cristo lhe respondeu:

"Filha, o nosso Emmanuel sempre me diz que a aceitação de nossos problemas, sejam eles quais forem, representa cinquenta por cento da solução dos mesmos; os outros cinquenta por cento vêm com o tempo... Tenhamos paciência e fé, pois não estamos desamparados pela Bondade Divina."

Bastou que ouvisse essas palavras do Chico, para que aquela senhora se acalmasse em uma cadeira próxima, começando a refletir sobre os Desígnios de Deus.

De nossa parte, ficamos também, em silêncio, a meditar na grandeza da lição daquela hora, a respeito da aceitação do sofrimento, perguntando a nós mesmos quantas dores maiores poderíamos evitar, se nos resignássemos ante as dores aparentemente sem remédio que nos visitam no cotidiano...


Auto-aceitação


 

O nosso aprimoramento, de espíritos eternos, no longo processo da evolução espiritual, precisa contar com a nossa auto-aceitação, através do possível conhecimento que tenhamos de nós mesmos. Não é fácil.

A religião procura nos ajudar, as ciências do comportamento trazem, hoje, suas importantes contribuições. Para podermos nos ajudar, precisamos, cada vez mais, conhecer e, sobretudo, aceitar-nos.

Essa compreensão é tão necessária que Allan Kardec indagou aos Mentores Espirituais:

- Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e resistir à atração do mal?

- Um sábio da antiguidade vo-lo disse: "Conhece-te a ti mesmo". (Questão nº 919 de O Livro dos Espíritos.)

Sob o ponto de vista religioso, Kardec debruça-se sobre o Evangelho de Mateus e nos lembra: "Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam. Porque, se somente amardes os que vos amam, que recompensa tereis disso? Não fazem assim também os publicanos? - Se unicamente saudardes os vossos irmãos, que fazeis com isso mais do que outros? Não fazem o mesmo os pagãos? - Sede, pois, vós outros perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial". (Mateus, cap. V.vv.44, 46 a 48.) 

A seguir ele analisa o comportamento do homem de bem e comenta: "Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera." (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 3, parágrafos 12 e 13.) 

Em nosso aprimoramento existe a necessidade da auto-aceitação, pela qual possamos reconhecer as nossas possibilidades e limitações e, sobretudo, não sermos dependentes absolutos da aceitação ou desaprovação dos outros.

Precisamos ter a vontade de ver, de entender, de saber e sermos conscientes, cada vez mais, de nós mesmos.

Quando percebemos o que pensamos, sentimos e somos, teremos condições de mudanças no aprimoramento da nossa personalidade ou espírito. 

Se nos olharmos em um espelho, poderemos observar certas partes do nosso corpo de que nós não gostamos, sob o ponto de vista estético, e teremos o impulso de não olhar mais para aquela parte, por exemplo: sejam os olhos, a boca ou o nariz. 

No entanto, temos que aceitar aquelas partes, quando não haja recurso financeiro ou condições técnicas para a cirurgia plástica. 

Há pessoas que sentem e dizem: - "Ah, eu não gosto de ver tal parte do meu corpo".

 Consideremos que gostar é diferente de aceitar. A pessoa pode não gostar, mas ela precisa aceitar aquela parte do seu corpo para psicologicamente estar bem.

Precisamos aceitar o que somos para podermos melhorar e chegarmos àquilo que queremos ser. 

Desta maneira, aproveitemos alguns minutos para "visualizar" um sentimento ou uma emoção que não conseguimos enfrentar com facilidade: dor, medo, insegurança, tristeza, humilhação, inveja, raiva. Depois de focalizar este estado mental ou emocional, procuremos senti-lo sem oferecer resistência, aceitando-o como ele é.

Exemplifiquemos com uma situação em que deveremos falar a um público e temos medo de falar a um grupo de pessoas. 

Deveremos aceitar o medo. Saber que esse medo é natural para a maioria das pessoas. 

Procuremos controlar a situação. Após a aceitação do medo e das reações que ele provoca:

 aumento do batimento cardíaco, respiração mais rápida, pode haver até aumento de transpiração, desenvolver procedimentos que nos ajudem a enfrentar a situação e não fugirmos dela. Inspirar e expirar profundamente, aceitar a alteração orgânica como natural, pensarmos que é um estado mental e emocional passageiro, enfrentarmos a situação desconfortante e falarmos o que tem que ser dito. 

Com o passar do tempo assumiremos o controle orgânico e as idéias fluirão com mais facilidade. Finalmente sentiremos grande alívio e bem-estar por termos exercitado a auto-aceitação, enfrentado o medo e nesse estado intelectual e emocional de auto-aceitação termos vencido o problema.

Essa técnica de auto-aceitação preconizada por muitos psicólogos vem nos ajudar no processo psicológico e espiritual do auto-aprimoramento, se pudermos aplicá-la sempre que tivermos desafios pela frente. 

Ao lado do "conhece-te a ti mesmo ", usemos, também, o "aceita-te a ti mesmo". 
AYLTON PAIVA 

extraído http://www.oconsolador.com.br/3/ayltonpaiva.html
 

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

OTIMISMO ESTRATÉGIA PARA UMA VIDA SAUDÁVEL



     
Na ambiência da pedagogia espírita é possível abordar uma questão complexa e que não pode ser negligenciada: o problema do saber viver como Espírito, que é imortal, pois grande parte da dignidade humana consiste em educar-se sobre o sentido da vida, sendo este sentido revelado nos contextos das nossas relações e ações (nossas obras).

Se somos imortais, somos antes, durante e depois dessa nossa existência atual. Logo, a arte de saber viver como Espírito não pode estar ligada a atitudes paliativas ou irreflexivas de viver e conviver.

Saber viver como Espírito exige uma espécie de disciplina (boa vontade) e uso da atenção (insistente, dinâmica e contínua) para que atinjamos níveis de ser-fazer que nos apontem, sem enganos, crescimento íntimo. Nesse propósito, é preciso, sem dúvida, que confiemos na coerência do nosso programa reencarnatório para que o aprendizado e o treinamento dessa arte sejam desenvolvidos com êxito e alegria.

Ora, essa confiança elementar, por sua vez, é exigente de um recurso fundamental: o otimismo. A favor de todas as evidências, o comportamento otimista, na graça e no absurdo. Habilita-se ao reencontro, valioso, de nossa essencial esperança de seres humanos.
Em certas situações, as interpretações que podemos possuir sobre doenças, injustiça, sofrimento, não resistem. Novamente nossa questão será a de nos questionarmos sobre o fato de que habitamos um planeta no qual coexistem, ao mesmo tempo, a beleza da flor, do céu e das terras, da diversidade da flora, da fauna, dos recursos naturais (pelo fluxo das leis naturais) e a presença da pobreza, preconceitos, guerra, violência, desamor (pelo fluxo da ação humana, calcada na ignorância)...

Vem-me então à lembrança uma estratégia para a vida criada pelo indiano Swami Sivananda (1) e que nos serve como uma lição a ser adotada para o nosso cotidiano de seres existentes, chamados à felicidade:

Um rei tinha um companheiro/ ministro de quem gostava muito, exceto por uma coisa que o irritava demais. O ministro tinha o hábito de dizer: “Tudo o que acontece é para o bem” a tudo o que acontecia à sua volta, fosse bom ou ruim. Então, um dia o rei cortou o polegar enquanto manuseava uma faz, e o ministro, que estava presente, disse imediatamente: “Tudo o que acontece é para o bem.” Esse comentário deixou o rei furioso, a ponto de mandar o ministro para a prisão. Para se consolar, ele foi caçar sozinho na floresta.
Ele deve ter-se distanciado muito e ultrapassou as fronteiras do reino, pois deparou com uma tibo que o capturou. Infelizmente para ele, essa era uma tribo que oferecia sacrifícios humanos à sua divindade. Assim, o rei foi levado a um sacerdote para ser oferecido em sacrifício. Enquanto banhava o rei, o sacerdote percebeu o polegar ferido; como uma pessoa com defeito não podia ser oferecida à divindade, o rei foi recusado e em  seguida libertado. 

O rei voltou ao seu palácio mergulhado em pensamentos, e compreendeu que o ditado do ministro era correto. De fato, o polegar cotado salvara a sua vida. Assim que chegou ao palácio, ele libertou o ministro e lhe disse: “Você tinha razão sobre mim; afinal, tudo o que aconteceu foi para o meu bem. Mas eu o joguei no calabouço pelo que você me disse, o que não parece ter sido bom para você. Como explica isso?

O ministro respondeu: “Grande rei, ao jogar-me na prisão salvastes também a minha vida. Do contrário, eu teria acompanhado na caçada, teria sido capturado, e como não tenho nenhuma imperfeição, teria sido oferecido em sacrifício.”

Em síntese, um relacionamento saudável com a vida aponta a necessidade da internalização de uma visão positiva de tudo. Ao desenvolver essa habilidade, os acontecimentos rotineiros poderão ser interpretados pelo otimista como oportunidades abençoadas no seu caminho, que só se faz ao caminhar.


   Eugênia Pickina _ Jornal o Imortal fev 2008

Bibliografia:
(1)     Apud GOSWAMI, Amit. O médico quântico: orientações de um físico quântico para a saúde e a cura. Tadução de Euclides L. Calloni, Cleusa M. Wosgrau. São Paulo: Cultrix, 2006, pp 208-9

ANTE O DIVÓRCIO - EMMANUEL

 Equilíbrio e respeito mútuo são as bases do trabalho de quantos se  propõem garantir a felicidade conjulgal, de vez que, repitamos, o lar ...