quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

OTIMISMO ESTRATÉGIA PARA UMA VIDA SAUDÁVEL



     
Na ambiência da pedagogia espírita é possível abordar uma questão complexa e que não pode ser negligenciada: o problema do saber viver como Espírito, que é imortal, pois grande parte da dignidade humana consiste em educar-se sobre o sentido da vida, sendo este sentido revelado nos contextos das nossas relações e ações (nossas obras).

Se somos imortais, somos antes, durante e depois dessa nossa existência atual. Logo, a arte de saber viver como Espírito não pode estar ligada a atitudes paliativas ou irreflexivas de viver e conviver.

Saber viver como Espírito exige uma espécie de disciplina (boa vontade) e uso da atenção (insistente, dinâmica e contínua) para que atinjamos níveis de ser-fazer que nos apontem, sem enganos, crescimento íntimo. Nesse propósito, é preciso, sem dúvida, que confiemos na coerência do nosso programa reencarnatório para que o aprendizado e o treinamento dessa arte sejam desenvolvidos com êxito e alegria.

Ora, essa confiança elementar, por sua vez, é exigente de um recurso fundamental: o otimismo. A favor de todas as evidências, o comportamento otimista, na graça e no absurdo. Habilita-se ao reencontro, valioso, de nossa essencial esperança de seres humanos.
Em certas situações, as interpretações que podemos possuir sobre doenças, injustiça, sofrimento, não resistem. Novamente nossa questão será a de nos questionarmos sobre o fato de que habitamos um planeta no qual coexistem, ao mesmo tempo, a beleza da flor, do céu e das terras, da diversidade da flora, da fauna, dos recursos naturais (pelo fluxo das leis naturais) e a presença da pobreza, preconceitos, guerra, violência, desamor (pelo fluxo da ação humana, calcada na ignorância)...

Vem-me então à lembrança uma estratégia para a vida criada pelo indiano Swami Sivananda (1) e que nos serve como uma lição a ser adotada para o nosso cotidiano de seres existentes, chamados à felicidade:

Um rei tinha um companheiro/ ministro de quem gostava muito, exceto por uma coisa que o irritava demais. O ministro tinha o hábito de dizer: “Tudo o que acontece é para o bem” a tudo o que acontecia à sua volta, fosse bom ou ruim. Então, um dia o rei cortou o polegar enquanto manuseava uma faz, e o ministro, que estava presente, disse imediatamente: “Tudo o que acontece é para o bem.” Esse comentário deixou o rei furioso, a ponto de mandar o ministro para a prisão. Para se consolar, ele foi caçar sozinho na floresta.
Ele deve ter-se distanciado muito e ultrapassou as fronteiras do reino, pois deparou com uma tibo que o capturou. Infelizmente para ele, essa era uma tribo que oferecia sacrifícios humanos à sua divindade. Assim, o rei foi levado a um sacerdote para ser oferecido em sacrifício. Enquanto banhava o rei, o sacerdote percebeu o polegar ferido; como uma pessoa com defeito não podia ser oferecida à divindade, o rei foi recusado e em  seguida libertado. 

O rei voltou ao seu palácio mergulhado em pensamentos, e compreendeu que o ditado do ministro era correto. De fato, o polegar cotado salvara a sua vida. Assim que chegou ao palácio, ele libertou o ministro e lhe disse: “Você tinha razão sobre mim; afinal, tudo o que aconteceu foi para o meu bem. Mas eu o joguei no calabouço pelo que você me disse, o que não parece ter sido bom para você. Como explica isso?

O ministro respondeu: “Grande rei, ao jogar-me na prisão salvastes também a minha vida. Do contrário, eu teria acompanhado na caçada, teria sido capturado, e como não tenho nenhuma imperfeição, teria sido oferecido em sacrifício.”

Em síntese, um relacionamento saudável com a vida aponta a necessidade da internalização de uma visão positiva de tudo. Ao desenvolver essa habilidade, os acontecimentos rotineiros poderão ser interpretados pelo otimista como oportunidades abençoadas no seu caminho, que só se faz ao caminhar.


   Eugênia Pickina _ Jornal o Imortal fev 2008

Bibliografia:
(1)     Apud GOSWAMI, Amit. O médico quântico: orientações de um físico quântico para a saúde e a cura. Tadução de Euclides L. Calloni, Cleusa M. Wosgrau. São Paulo: Cultrix, 2006, pp 208-9

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