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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

A meditação é um portal para a compaixão por Julieta Yoshimura

 


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Quando você se torna o observador, quando sustenta o não julgamento, você é levado a pensar e sentir como o outro pensa e sente, ou seja, você é conduzido à prática da empatia.

A partir da empatia que mesmo que outro te julgue, que projete as sombras dele em você, a compaixão será a sua resposta natural.

Se aconteceu é porque era o melhor para o Todo.

Toda vez que as coisas não saem da forma como você gostaria, da forma como planejou, quer dizer que, nesse caso, os seus desejos não eram os mesmo do Todo.

Você só irá criar sua realidade de forma consciente quando alinhar os seus desejos com os Dele, ou seja, quando os seus desejos tiverem como origem o amor incondicional.

Compreender a auto responsabilidade fatalmente o levará à gratidão.

Quando você se torna consciente de que é o responsável pela situação em que se encontra, de que é o senhor do próprio destino, você passa a observar quem em você está criando as situações que você não deseja mais vivenciar.

Ao enxergar, ao ter a clareza que permite que a cura aconteça, você é tomado pelo mais puro sentimento de gratidão.

Todo desejo de ter razão, de provar que está certo, vem do ego.

Você sai dos domínios do ego à medida que o desejo de ter clareza, de permanecer como observador, se torna maior que o desejo de ter razão.

E quanto mais você permanece no estado meditativo, quanto mais sustenta a observação, mais você consegue aceitar e acolher aqueles que pensam diferente de você.

Se você não se enxerga criando a própria realidade, que dizer que você não está consciente dos próprios sentimentos.

Através do autoconhecimento, do olhar para dentro a partir dos olhos do observador, que a sua realidade começará a fazer sentido.

Quanto mais você se autoconhece, quanto mais clareza tem do que sente, mais consegue enxergar e se desidentificar das crenças limitantes que o impedem de cocriar sua realidade alinhada com o amor incondicional.

Todo medo é ego.

A consciência se manifesta no estado meditativo; ou seja, não é que ela negue o medo, ela simplesmente não se identifica, ela permanece sempre como o observador, ou você está em estado meditativo, ou está identificado com algum medo.

Dentre os ensinamentos que a terceira dimensão nos oferece, a impermanência é um dos principais.

Todo tipo de apego trará sofrimento, pois, um dia, as coisas que você ama não estarão mais aqui; um dia você não estará mais aqui.

Deseje ao próximo aquilo que você gostaria para você.

Aquilo que você desejar ao próximo, aquilo que emanar para ele, será exatamente aquilo que se manifestará em sua realidade – eletromagnetismo.

Todo ódio, todo desejo de vingança, todo mal que você deseja ao outro, na verdade, você está desejando a si próprio.

Mestre Julieta Yoshimura - Reiki

É natural que o despertar traga consigo o desejo de ver o outro despertar por Julieta Yoshimura

 


É natural que o despertar traga consigo o desejo de ver o outro despertar.

 

Uma vez que você abre os olhos, é comum querer que todos os abram. E o próximo passo é você compreender que cada um tem a sua hora e que, no final, é tudo uma questão de livre arbítrio.

E é exatamente quando você toma essa consciência, quando solta o desejo de mudar o próximo e foca sua energia em manter-se desperto, que você se torna um catalisador para o despertar do próximo.

Se você não consegue imaginar, você não consegue sentir e, se você não consegue sentir, então não consegue manifestar.

Tudo que você não consegue imaginar, tudo que acredita ser impossível, são exatamente as crenças limitantes que você precisa curar.

A cura acontece à medida que você experiência o amor incondicional, ou seja, à medida que reconhece em si as infinitas possibilidades.

Ou você sustenta a sua verdade, ou o sofrimento será garantido.

Muitas vezes o que nos tira do caminho da verdade é o medo da não aceitação, do não pertencimento.

Enquanto você não compreender que está sozinho na jornada, enquanto não se sentir completo em si mesmo e soltar tudo e todos, os medos oriundos da ilusão da separação o conduzirão o sofrimento.

Cada ser passará por um conjunto de experiências até que o inevitável aconteça, até que se torne consciente de que somente o amor existe.

Essa consciência só pode ser atingida através do soltar e aceitar o divino em si.

Você precisa baixar a guarda para o amor, ou seja, você precisa dar licença para que ele possa se manifestar através de você.

Nenhum medo irá durar para sempre, não há sofrimento que um dia não terá seu fim.

Somente o amor existe e somente ele existirá, ou seja, se você está experienciando um sentimento diferente do amor, a única certeza é de que, mais dia ou menos dia, ele terá um fim.

Então, por mais que hoje você se encontre em um cenário desafiador, saiba que é uma questão de tempo até que você olhe para ele com um olhar de gratidão.

Somos um canal de manifestação de Deus, o Todo.

Você só irá realmente compreender isso quando, nem que por um instante, você experienciar o sentimento de unificação, ou seja, você se sentir Ele.

Quanto mais você sustentar essa consciência, quanto mais sustentar o estado meditativo e observar Ele atuando através de você, maior será o seu sentimento de gratidão.

Somente você é capaz de se livrar dos seus incômodos.

Enquanto você acreditar que o outro precisa se comportar da forma como você gostaria para que ele não te incomode, enquanto sua paz depender do externo, fatalmente, você atrai para si pessoas e situações que serão gatilhos para os seus incômodos.

Já quando você, através do autoconhecimento, se dedica a compreender quem em você ainda se sente incomodado, você é agraciado com a clareza que te permite sustentar a paz mesmo que o outro queira de forma consciente te incomodar.

Mestra Julieta Yoshimura - Reiki

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

O grande desafio do auto conhecimento por Julieta Yshimura



O grande desafio do autoconhecimento não é se lembrar quem você é, e sim se desidentificar do seu eu ilusório criado pelo ego que você acreditou ser.


Sua essência sempre foi e sempre será o amor incondicional e essa verdade nunca irá se alterar.


Quando você se livrar dos seus traumas, dos seus medos, das suas crenças limitantes, o que restará será o mais puro amor incondicional.

 

Toda experiência de medo, toda dor, todo sofrimento, têm como origem o fato de você ter se esquecido quem realmente É, porque ao se sentir separado de Deus, separado do amor, você abre espaço para experienciar todo tipo de sentimento de baixa vibração.

 

Se autoconhecer, tornar-se consciente do seu verdadeiro Eu, é o único caminho para transformar sofrimento em alegria.

 

Tudo que for diferente do amor incondicional virá à tona para ser reconhecido e transmutado. Toda mentira, todas as máscaras que utilizamos para lidar com as nossas ilusões, não serão mais possíveis de serem sustentadas. Então, ou você aproveita o momento para se autoconhecer e se curar, ou irá colher as dores de cocriar a realidade a partir do inconsciente.

 

Não lute, se renda, porque tudo que você luta contra, tudo que você não aceita, se manifestará ainda mais em sua realidade até que a cura aconteça. Já quando você solta, quando aceita as coisas como elas são, você é presenteado com a clareza de enxergar o propósito da existência daquilo que até então você desejava eliminar.

 

Exatamente a partir dessa clareza que toda não aceitação é transformada na mais pura gratidão.

 

Você só saberá realmente o resultado de uma experiência quando vivenciá-la, qualquer coisa diferente disso é apenas projeção. Você só irá exercer sua liberdade de tentar de forma plena, quando se livrar da crença no certo ou errado, quando compreender que toda experiência de quem você realmente É.

 

Então, independentemente da situação em que você se encontre, siga sempre seu coração, observe e aprenda com o caminho.

 

Amar incondicionalmente é amar tudo e todos independentemente da situação.

 

Então, se existe alguém ou alguma memória que você não consegue amar, que ainda te faz entrar no julgamento, o primeiro passo é aprender a dar amor a esse eu que não consegue amar, o eu que ainda está identificado com a experiência, porque nós oferecemos ao outro aquilo que existe dentro de nós, ou seja, se você deseja oferecer amor incondicional, primeiro é preciso se amar incondicionalmente.

 

 Mestre Julieta Yoshimura - Reikiana

 

 

sexta-feira, 12 de março de 2021

Consciência de si - Ermance Dufaux - Livro Reforma Íntima sem Martírio

 

“Em princípio, o homem que se exalça (engrandece) que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por este simples fato, todo o mérito real que possa ter. Entretanto, que direi daquela cujo único valor consiste em parecer o que não é? Admito de boamente que o homem que pratica o bem experimenta uma satisfação íntima em seu coração; mas, desde que tal satisfação se exteriorize, para colher elogios, degenera em amor-próprio”.

François- Nícolas- Madeleine (Paris, 1863).

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. XVII, item 8

Estudiosos discípulos do Espiritismo propôs-nos a seguinte indagação: que revelações novas teriam os amigos, espirituais em favor do aperfeiçoamento interior nessa hora de tantas lutas na Humanidade?

Em resposta a seu pedido sincero de aprender exaramos os textos aqui discorridos, Não constitui novidades, e sim um enfoque prático para velhas questões morais que absorvem quantos anseiam pela melhoria de si mesmo.

Nossa proposta é apresentar algumas ideias-chaves” com fins de meditação e auto aferição, ou ainda para estudos em grupos que anseiam por buscar respostas sobre as intrigantes questões da vida interior. Se não entendermos realmente a razão de nossas atitudes, não reuniremos condições indispensáveis para o serviço renovador de nós próprios.

A capacidade de administrar o mundo objetivo torna-se cada dia mais precisa e rica de tecnologia para melhor eficácia nos resultados, todavia, a inabilidade na gerência do mundo íntimo é comprovada, a todo o instante, pelos atestados de descontrole e insatisfação que o homem tem demonstrado em sua vida pessoal. Homens vencedores edificam pontes maravilhosas que se tornam cartões-postais no mundo inteiro, porém, nem sempre dominam a arte de construir um singelo fio de atenção que possa estabelecer uma ponte entre ele e seu próximo, diminuindo a distância que os separa. Cirurgiões habilidosos transplantam órgãos sensíveis com precisão e controlo nos dedos, e, no entanto, constantemente desequilibra-se quando pequeno talher escapa das singelas mãos de seu rebento, gerando perturbação e mal-estar na prole. Se o cerne da proposta educativa do Espiritismo é a melhoria espiritual pela reforma íntima, essa, por sua vez, tem por objetivo elementar, libertar a consciência dos grilhões do ego para que possa brilhar com exuberância, sem as sombras que teimam em buscar-lhe. Travamos ao iniciar a renovação de nós mesmos, uma batalha entre o ego e consciência nos rumos da conquista do selfdefinitivo.

Reforma íntima! Eis o tema predileto dos adeptos do Espiritismo no vastíssimo repositório de assuntos elevados que nos desafia o entendimento sob a ótica do Espirito imortal. Apesar de sua predileção, constata-se que a assiduidade com a qual é tratada não lhe tem garantido noções mais dilatadas que permitam o esforço consciente na transformação da personalidade humana.

Nessa ótica, exaremos alguns conceitos que merecem ser resgatados no seu melhor entendimento:

Uma é normal construção gradativa de valores, a solidificação de qualidades eternas.

Uma normal proposta de plenitude e não de derrotismo. É fazer mais luz para varrer as sombras. Muitos, porém, acreditam que luz se faz extinguindo as trevas...

É a formação do homem de bem. Não se trata de deslocar vícios e colocar virtudes. É dada muita importância às imperfeições nos ambientes da doutrina, quando deveríamos mais falar das virtudes do homem de bem.

Processo libertador da consciência. Não se trata de vender o ego, mas conquistá-lo através do domínio natural da “voz” divina que ecoa em nossa intimidade.

Reforma íntima não deve ser entendida apenas como contenção de impulsos inferiores. Muito, além disso, tornar-se urgente analisa-la como o compromisso de trabalhar pelo desenvolvimento dos lídimos (verdadeiros) valores humanos na intimidade. Circunscrevê-la a regimes de disciplina pela vigilância de vontade e vontade poderá instituir a cultura do martírio e da tormenta como quesitos indispensáveis ao seu dinamismo.

Contenção é aglutinação de fossas de defesa contra a rotina mental dos reflexos do mal em nós. Todavia, somente e edificação da personalidade cristã, pródiga de qualidades morais nobre, permitirá a paz interior e o serviço de libertação definitiva para além-muros da morte corporal. Por essa razão, entre os seguidores da mensagem espírita, urge difundir noções mais lúcidas sobre o nível de comprometimento a que devem se afeiçoar todos os seus aprendizes. Apenas evitar o mal não basta imperioso fazer todo o bem ao nosso alcance. A reforma de profundidade exige devoção integral aos deveres da espiritualização, onde quer que estejamos criando condições para vivências íntimas que asseguram comoções afetivas revitalizadoras e motivadoras a rumos mais vastos na ação e na reação: é a criação de condicionamentos novos elevados.

Assim como o corpo não extirpa partes adoecidas, mas procura harmonizá-las ao todo, a alma procede seu crescimento dentro do princípio de ‘reaproveitamento” de todas as experiências infelizes .

Quem busca o aprimoramento de si mesmo tem como primeiro desafio o encontro consigo. A ausência de ideias claras sobre nós próprios constitui pesado 6onus a ser superado, o qual tem levado corações sinceros e bem-intencionados à dolorosos conflitos mentais com a melhoria individual, instaurando uma doloroso processo de martírio a si mesmo.

Não existe reforma íntima sem dores, razão pela qual será oportuno discernir as dores do crescimento e quais são as dores que decorrem de nossa incapacidade em lidar com as forças ignoradas da vida subjetiva em sós mesmos. A distinção entre ambas tornará nosso programa de melhoria pessoal um tanto mais eficaz e menos doloroso.

Fala-se muito do homem velho e quase nada sobre como consolidar o homem novo. Dominados pelo mau hábito de destacar suas doenças espirituais, criou-se um sistema neurótico de superavaliação das imperfeições morais que tem conduzindo muitos espiritistas (espíritas) à condição de autênticos “hipocondríaco (tristes) da alma”.

Conter o mal é parte do processo transformador, construir o bem é a etapa nova que nos aguarda.

Bem além de controle, educação.

Acima de disciplina com inclinações, desenvolvimento de qualidades inatas.

Maturidade pode ser definida pela capacidade individual de ouvir a consciência em detrimento (prejuízo) dos apelos do ego. Quanto mais fizermos isso mais seremos maduros e libertos. A saúde é estar em contato pleno com a consciência e a doença é a escravidão ao ego. Reformar-se é tomar consciência de “si mesmo”, dar “perfeição latente” à qual nos destinamos. Em outras palavras, estamos enaltecendo o ato da autoeducação.

Foi notável Jung que afirmou: “Até onde discernir o único propósito da existência humana é acender uma luz na escuridão do mero ser”, (1).

Imperioso que acendamos essa luz, a luz que promana da autocrítica, em a qual não nos educaremos.

Como exercer um juízo crítico honesto sem o conhecimento das artimanhas da velha personalidade que geramos?

Senso crítico é, portanto, um dos pilares essenciais para a formação da autoconsciência, o qual nos permitirá desvendar as trilhas em direção aos tesouros divinos incrustados em pleno coração dessa selva de imperfeições, que trazemos dos evos.

Apresentamos nessa obra alguns “mapas” para devassarmos essa selva com segurança. Rotas para velhos temas morais já conhecidos de todos nós, os espiritistas, mas que nem sempre conseguimos trazê-los para a intimidade no atendimento satisfatório do anseio exuberante que espraia de nossas almas na construção da personalidade nova.

Decerto, como todo mapa, os caminhos para se atingir o destino são variados e pessoais, conforme a ótica e a escolha de cada qual, e por esse motivo entregamos todas as nossas abordagens com total despretensão quanto a resultados. Todavia, como a peregrinação pelos “vales sombrios” da nossa intimidade é repleta de imprevistos e “ciladas”, não abdicamos da palavra clara e sincera, acrescendo alguns exemplos de histórias dolorosas de quantos foram iluminados pela luz da Doutrina Espírita, sem inumarem a si próprios com a luz da experiência e da renovação.

Jamais moveu-nos a intenção de que nossas considerações, aqui exaradas, pudessem construir um roteiro de orientação ou uma tese didática sobre o temos com objetivo de traçar normas de conduta. Para nós não ultrapassam a condição de sugestões para diálogo em grupo ou meditações individuais. Nossos textos são u “início e conversa” um “ponto de partida” para que vós outros na Terra empreendam a discussão livre e salutar sobre os caminhos da transformação humana, à luz do Espírito imortal. Nosso coração estará sempre onde existirem os colóquios francos e produtivos acerca desse tema.

Sem pessimismos algum, mensurar a condição pessoal, sem conhecimento pleno das histórias contidas em nossas “fichas reencarnatórias”, é, quase sempre, proceder a uma análise míope das condições espirituais autênticas que cercam nosso trajeto nos milênios. Por isso, palpitam muitas ilusões no terreno da nossa luta reencarnatórias, na carne ou fora dela. “Em princípio, o homem que se exalça, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples fato, todo mérito real que possa ter”.

Nossas reflexões destinam-se a uma auto avaliação. Sem uma incursão sincera no mundo de nós próprios, a fim de aquilatar o que somos e não somos, corremos o severo risco de repetir as múltiplas histórias que temos acompanhado por aqui, na vida imortal, na qual o coração bafejado pelas concepções doutrinárias acalenta uma miragem de si para além de suas reais proporções, tende que se olhar; sem refúgios, no “espelho da imortalidade” amargando doloroso processo de desilusão.

Buscando nossa inspiração em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – repositório ético para a felicidade humana e incomparável manancial de inspiração superior – no qual encontramos inesgotável fonte de instrução e consolo dos Bondosos Guias da Verdade, em favor dos roteiros dos homens ante suas provas e expiações. Consideremo-lo como sendo um receituário moral para todas as necessidades humanas na Terra.

Entregamos nossos apontamentos com alegria aos leitores e amigos, esperançosa de que a celeste misericórdia multiplique nossas migalhas de amor, saciando a fome da alma com bênçãos de paz e estímulo na aquisição da consciência de si.

Atenciosamente

Ermance Dufaux

Belo Horizonte – MG, 16 de fevereiro de 2003.

(1)    MEMÓRIAS, SONHOS E REFLEXÕES, Nova Fronteira Editora - RJ.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Crescer é parar de culpar os pais por tudo


Diante de uma ofensa, de uma ironia, de uma negligência afetiva, temos a possibilidade de nos identificarmos com a posição de vítima e temos também a possibilidade de criarmos algo de interessante com aquela perda, com aquela rejeição ou sofrimento.


Procuramos uma análise quando descobrimos que desejamos mais qualidade de vida. E quando uso a expressão qualidade de vida, não me refiro aos clichês divulgados pelo discurso dominante. Eu me refiro à possibilidade de ter uma vida mais significativa, mais feliz, dentro da singularidade de cada um.

Quando iniciamos um processo analítico, a tendência é jogarmos a culpa de nossas tristezas em cima de diversas pessoas, principalmente dos pais e dos parceiros amorosos. 

Não quero dizer que os pais não cometam muitos erros nem que parceiros amorosos não provocam muito sofrimento em nossa vida. Porém, independente de tudo o que nos acontece e de tudo que nos aconteceu, é importante perceber o nosso papel protagonista em nossa vida. 

Diante de uma ofensa, de uma ironia, de uma negligência afetiva, temos a possibilidade de nos identificarmos com a posição de vítima e temos também a possibilidade de criarmos algo de interessante com aquela perda, com aquela rejeição ou sofrimento. 

Se a falta de afeto do nosso primeiro amor, do parceiro atual ou até mesmo dos pais deixa rombos homéricos em nossa existência, há a possibilidade de reelaborarmos este vazio no sentido de construir no futuro relações mais felizes.

A nossa tendência é repetir padrões, é buscar um modelo de relacionamento que nos é familiar, mesmo que seja muito infeliz. Inconscientemente, escolhemos reviver o que nos foi mais doloroso. Pessoas que foram pouco amadas na infância ou que não foram amadas da forma que elas desejaram, tendem a entrar em relações fadadas ao fracasso. 

Durante a análise, começamos a perceber esta repetição, esta escolha inconsciente pelo erro, pelo sofrimento, por aquilo que não dará certo apesar de nossos esforços conscientes. Começamos a perceber também que nossos pais são humanos, portanto, falhos, limitados, traumatizados pelos erros dos seus pais também. 

Não digo que seja simples e indolor aceitar os pais como pessoas que erram nem quebrar círculos viciosos. Mas é possível. Não é porque alguém foi pouco amado como filho que não poderá amar muito como pai ou como mãe. Não é porque alguém viveu uma série de relações amorosas medíocres que não poderá construir um relacionamento cheio de afeto e cumplicidade.

Quebrar padrões é tarefa extremamente árdua. Exige um esforço homérico, um desejo real de fazer mudar. Mas com certeza, vale muito a pena. 

Silvia Marque

Fonte http://obviousmag.org/cinema_pensante/2019/01/crescer-e-parar-de-culpar-os-pais-por-tudo.html

O duplo espelho: A (auto)reflexividade da obra clariceana “Um sopro de vida (Pulsações)”


A arte salva. Estudos de pesquisadores de renome como Johann Reil e Carl Jung levam ao entendimento de que as manifestações artísticas são uma ótima ferramenta para a expressão dos nossos mais profundos sentimentos. O que atenua o nosso sofrimento, alivia o peso da alma. E simboliza o primeiro passo para o nosso processo de cura e autoaceitação.

Conheça-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo. Se a arte pode ser considerada um eficiente tratamento terapêutico para o atingimento dessa máxima, poucas pessoas podem corroborar tanto essa ideia na prática quanto a escritora Clarice Lispector.

Introvertida e receosa do mundo de fora, Clarice sempre se refugiou na escrita como forma de dar vazão às suas vontades e de buscar o verdadeiro propósito de sua vida. E os seus leitores seguem junto nessa busca contínua. Afinal, já existem muitas discussões e questionamentos acerca de quem foi Clarice Lispector. Contudo, nesses levantamentos é geralmente pouco comentado o seu último livro, o póstumo “Um sopro de vida (Pulsações)”. E é justo sobre a compreensão dessa obra nostálgica e auspiciosa ao mesmo tempo que se debruça o livro “O duplo espelho: A (auto)reflexividade da obra clariceana ‘Um sopro de vida (Pulsações)’”, de Janaina Soggia.

“O livro se abre com uma fala que ressoará em cada uma de suas quatro partes até culminar no fechamento da escritura. ‘Quero escrever movimento puro’, premissa que levou Clarice a buscar na escrita uma maneira de escrever a vida por meio da não-palavra, do além da palavra, da palavra-coisa.” (p. 79-80)

De fato, o enredo de “Um sopro de vida (Pulsações)” não trata a nostalgia como de costume: é quase um livro-testamento em que Clarice coloca vários questionamentos que a acompanharam durante toda a vida ao passo que também existe uma marcante angústia perante o futuro que se aproxima. Já doente e sentindo a ameaça da morte, Clarice preparou o seu último legado. Não deixaria de falar sobre o presente, o instante em que todo sentimento se mostra real e palpitante. Mas a crescente influência dos pesos de um passado carregado e de um inevitável futuro é visível.

A obra de Clarice narra a história de um personagem descrito somente como Autor, um escritor que decide escrever um livro sobre a escritora fictícia Ângela Pralini, personagem que também procura escrever um livro. O que faz existir uma obra dentro da obra. Como um sonho dentro de um sonho. Um duplo espelho se repetindo ao infinito.

Por isso, “O duplo espelho: A (auto)reflexividade da obra clariceana ‘Um sopro de vida (Pulsações)’” busca todas as maneiras pelas quais Clarice procurou se refletir em sua escrita. A morte da mãe em tenra idade, suas viagens pelo mundo, seu cão Ulisses, suas obras anteriores. Demonstra-se como a biografia da escritora foi inserida no enredo de modo que o Autor e principalmente Ângela Pralini se tornassem seus próprios avatares. Personagens moldados a partir do sopro de vida de Clarice derramado sobre o papel. Criados à sua imagem e semelhança.

O escritor é tido como o demiurgo que origina seus próprios mundos. Porém, antes do criador existe o verbo. Antes da ideia de escrever não surge primeiro a inspiração? E então de onde vem a inspiração? Ângela Pralini não sabe, mas a sua centelha criadora é o Autor. O Autor não sabe, mas a sua centelha criadora é Clarice Lispector. E a centelha de Clarice? Quantos reflexos mais existem para explicar a motivação humana?

Assim, a trama se desenvolve com o uso de diversos recursos de metalinguagem e metaficção para adquirir o seu objetivo: fazer com que a história desdobre a própria história. Contudo, muito além disso nota-se como Clarice almejava desdobrar-se a si mesma de uma forma ainda mais profunda. A arte salva. O seu ato final se tornou o clímax para o alcance do seu próprio entendimento. Nada garante de que tenha de fato conseguido. Mas a sua luta claramente lhe garantiu os aplausos da eternidade.

Leandro Dupré Cardoso

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

AUTOCONHECIMENTO


-          Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
-          Um sábio da antiguidade vô-lo disse: Conhece-te a ti mesmo. (1)



Faça silêncio interior, aproveite a enfermidade para observar o que seu inconsciente está expressando no corpo físico. Os sábios da antiguidade já diziam que não existem doenças e sim doentes. 

Infelizmente hoje a Medicina se interessa mais pela doença do que pelo doente. Amiúde, órgãos são mais importantes do que a alma; as doenças são tratadas como celebridades e os doentes ficam escondidos nos bastidores.

A enfermidade revela quem você é e o que está se passando no seu mundo interior. A matéria é espelho da alma. O nosso corpo de agora fomos nós quem o criamos através dos nossos pensamentos e hábitos. A doença revela o que estava escondido nos escaninhos mais secretos da nossa mente. Tudo o que estava oculto se tornou visível para o nosso conhecimento e aprendizado. Valorize essa experiência de autoconhecimento. Seja um atento observador de si mesmo. A doença não é uma inimiga a vencer, é uma professora com que temos muito a aprender.

Faça uma endoscopia espiritual. Converse com sua doença, pergunte o que ela veio lhe mostrar. Ninguém se cura verdadeiramente sem se olhar bem fundo com os olhos da alma.

A enfermidade nos tira do lugar comum dai porque carecemos de recolhimento íntimo, de silêncio interior para uma autoanálise serena a respeito do que temos feito da vida e para onde pretendemos chegar.

Ao encontrar Jesus na estrada de Damasco, Saulo de Tarso, o perseguidor dos cristãos, envolvido pela luz resplendorosa do Mestre, caiu em terra e perdera a visão durante três dias (2).  A doença muitas vezes nos põe no chão, é um choque sem o qual não despertaríamos dos próprios pesadelos.
A cegueira que tomou conta de Saulo era um convite para que ele olhasse agora para dentro de si e adquirisse maturidade psíquica a fim de mudar o rumo de sua vida. E como mudou.

Aproveitemos esse encontro com Jesus através da doença – nossat estrada de Damasco – e também perguntemos com Saulo: “Senhor, que queres de eu faça?”.

Ninguém se cura verdadeiramente sem se olhar bem fundo com os olhos da alma.

Jose Carlos de Lucca – Livro O Médico Jesus – cap.10
(1)    O Livro dos Espíritos, questão 919, Allan Kardec.
(2)    Atos: 9, 1-18

Corpo e Mente por Julieta Yoshimura

    Cada célula do seu corpo escuta o que sua mente sussurra. E o que ela diz tem o poder de nutrir... ou adoecer. Não estamos separad...