sábado, 28 de abril de 2018

Sob o amor do Cristo: a transformação de Zaqueu

Entre a vontade de mudar e a concretização da mudança existe uma fase de transição, normalmente rodeada de obstáculos
Alguém poderá achar desnecessário, mas insistimos em lembrar que a renovação íntima é consequência da lei de evolução a que todos nós estamos submetidos. Podemos, escravizados às ilusões do mundo material, protelar essa transformação e durante certo tempo viver despreocupados, como se jamais tivéssemos que realizá-la; porém, na verdade, não podemos adiá-la indefinidamente. Chegará o momento em que os conflitos começarão a surgir, gerados pelo choque entre o desejo de continuar na ilusão e a necessidade de mudar. Esse drama íntimo atinge tamanha dimensão quando há relutância em aceitar a mudança, que poderá refletir em forma de desarmonias psicofísicas, não restando ao incauto senão a decisão de mudar.

Claro que aqui estamos considerando os casos de transformação natural que resulta da autoavaliação, quando o Espírito ainda se encontra no corpo físico e sofre a influência dos dramas de consciência. Mas, sabemos que em casos extremos de teimosia, outros recursos serão utilizados pela
espiritualidade, através de reencarnações que funcionam como verdadeiras terapias transformadoras.

Salientamos que a renovação real tem sempre um resultado prático; é um fenômeno que se processa do interior para o exterior, e aquele que se transforma não se acomoda à condição de não mais fazer o mal. Ele passa a ser ativo no bem, iniciando pela reparação dos erros cometidos, atendendo à lei de justiça, de amor e de caridade.

Um dos exemplos mais significativos de transformação prática, para o que nos propomos dissertar neste texto, é a de Zaqueu, conforme se encontra em Lucas 19:1-10.

Zaqueu era um rico cobrador de impostos, e acreditamos que com relação ao usufruto dos bens materiais ele não tinha carências. Enquanto pôde, viveu esbanjando sua fortuna; impulsionado pela ganância. Talvez tivesse espoliado a muitos, indiferente ao sofrimento que lhes causava. Mas o poder transformador de Jesus não se restringia apenas àqueles que lhe estavam próximos. Muitos ao ouvirem falar da doutrina que ele ensinava e das curas realizadas, eram tomados pelo desejo incontrolável de conhecê-lo, e conhecendo-o, ainda que não se transformassem de imediato, não seriam os mesmos; o drama de consciência com vista à futura transformação se iniciava.

O nosso personagem foi um desses. Ao ouvir falar das maravilhas que Jesus realizava, sentiu um imenso desejo de conhecê-lo, pois, tornara-se difícil para ele esbanjar sua riqueza, ladeado por pessoas com extremas necessidades. Sua inquietude, motivada pelo ardente desejo de conhecer o Mestre, era sem dúvida o alvorecer da renovação espiritual, da qual ele não podia mais fugir.

Porém, entre a vontade de mudar e a concretização da mudança existe uma fase de transição, e nessa fase é apresentada, normalmente, uma multidão de obstáculos: a vontade de permanecer acomodado, usufruindo os prazeres da vida; a influência do meio social; a opinião pública e outros fatores que provocam em espíritos de personalidade influenciável, o adiamento da renovação.

Zaqueu reconhecia-se de pequena estatura, não apenas no aspecto físico, mas também no espiritual; precisava sair à frente, elevar o seu padrão vibratório, mantendo inabalável o desejo de mudança, pois, somente assim, conseguiria libertar-se da multidão de obstáculos que o sufocava, tornando-o insatisfeito e infeliz. Para compensar sua pequena estatura, o sicômoro foi suficiente para destacá-lo entre a multidão, mas para ser visto pelo Mestre Jesus que o surpreendeu, propondo de alojar-se em sua casa, uma forma figurada para seu verdadeiro desejo: alojar-se em seu coração. Sem dúvida o inesperado convite não teria acontecido sem o desejo sincero do convidado em renunciar à usura e aos interesses mesquinhos.

Zaqueu estava realmente decidido a mudar, e não se deixou influenciar pela opinião pública, conforme registrado no texto evangélico:

 “Vendo isso, todos murmuraram dizendo: ele foi alojar-se na casa de um homem de má vida.”[1] 

Assim falaram os presentes, insinuando que a mudança era impossível. Opiniões como esta têm conduzido muitos à desistência, por internalizarem que sempre foram assim e não poderão mudar.

Qualquer um que deseje transformar-se, atendendo à lei de evolução, deve estar atento a este tipo de opinião, geradora de desistência em pessoas inseguras.

Quando alguém se candidata a anfitrião de Jesus, os resultados práticos da transformação surgem, e manifestam-se através da necessidade maravilhosa de ser solidário, de compartilhar suas posses, materiais e espirituais, e reparar os erros cometidos. Foi o que aconteceu com Zaqueu, que já não se sentia mais o cobrador de impostos, movido pela ganância e insensível às dificuldades alheias; ele agora se sentia um homem transformado, por isso, reagiu imediatamente:

 “Eu dou a metade dos meus bens aos pobres; e se causei dano a alguém, no que quer que seja, eu lhe retribuirei em quádruplo.”[1]

Zaqueu, na verdade, foi o bom exemplo, porque não se acomodou à condição de quem apenas se propõe a não mais errar; consciente dos seus equívocos comprometeu-se com a devida reparação e prática da solidariedade.

1.  Lucas 19:1-10.
https://www.oclarim.org/oclarim/materias/5763/jornal/2018/Maio/sob-o-amor-do-cristo-a-transformacao-de-zaqueu.html

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