O hábito de não investir no presente causa muito prejuízo. Existe uma parte significativa de pessoas deprimidas, por estarem vivendo reminiscências de traumas, de experiências do passado. Por um lado, muita gente convive com transtornos cuja origem está em fatos que aconteceram no passado, bem como com dores e angustias. Por outro lado, outros tantos anseiam por um futuro melhor sem fazer nada no presente para que isso se concretize.
É como se tomássemos uma amostragem na qual noventa por cento da população estivesse dividida em dois grupos: quarenta e cinco por cento estão presas ao passado, enquanto os outros quarenta e cinco por cento estão ansiando pelo futuro. Contudo, poucas pessoas estão presentes na vida, no dia de hoje.
Essa é uma questão fundamental na ordem do dia; de onde vem nossa gritante dificuldade de viver o aqui e o agora?
Será que estamos presos num emaranhado de memórias carregadas de dor, de cobranças exageradas pelos erros cometidos no passado e pela dor que causamos na vida de outras pessoas? Pelas muitas decepções afetivas? Vergonha de nós mesmos e mágoas que não deixam energia para estar no presente?
Ou seria porque, na tentativa de compensar tanta dor, começamos a sonhar acordados, numa espécie de fuga do presente e do chamado que ele nos faz para, através da disciplina de esforços incessante, realizar as mudanças que são essenciais para a construção do que desejamos em nossas vidas?
Como fazer para construir uma realidade nova, se o meu passado não foi tão bom quanto eu gostaria? Como reconstruir, ressignificar ou retemperar a vida se continuo ou preso ao passado ou ansiando por uma solução que virá no futuro?
Ao agir assim, você se comporta como se fosse de uma outra pessoa, e não de você mesmo a atribuição de construir o que você deseja viver. O convite que nos é feito por Jesus, quando nos diz: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã”, nos conclama a destinar a maior parte de nossas energias ao dia de hoje. É preciso administrar as muitas experiências do presente e viver isso. Pois uma coisa é certa, o presente bate, incessantemente, em nossa porta nos dizendo que tem lixo para colocar lá fora, filhos para fazer exercícios de casa e colocar para dormir, um trabalho para concluir, um perdão para oferecer ou para pedir. O presente é insistente e persistente.
A ansiedade de não saber valorizar o momento presente fica fortemente evidente hoje em dia com as redes sociais.
É comum chegar a um restaurante, ou mesmo em casa, com a família, e ver todo mundo conectado no WhatsApp, no Instagram, no Facebook e sem interagir.
As pessoas não vivem o presente. Pedir um momentinho ao seu interlocutor enquanto você responde a uma mensagem é até deselegante. Isso significa que você não está com o outro. Nem tampouco está presente. Ao agir assim, você, mesmo no presente, está ausente. E isso não faz bem para ninguém.
Quando a vida nos chama para viver o aqui agora, não é para perdermos tempo em críticas severas sobre nossas ações passadas, nem mesmo para olhar para o futuro de forma desesperançosa ou fantasiosa. Agora não é um convite para procrastinar, adiar, relaxar, se entregar, mas para agir!
Só vivendo o aqui e agora é que podemos modificar as consequências advindas de nossas escolhas do passado, e finalmente construir novas possibilidades no futuro.
Claro, se concentrar no aqui e agora tornou-se uma tarefa ainda mais difícil em nossos dias, pois vivemos a era da distração. Netflix, Instagram, Facebook, baladas, shoppings, tudo ao mesmo tempo agora nos distrai de modo impressionante. No entanto, a vida é cheia de paradoxos e um deles, bem claro em nossos dias de distração profunda, é que a construção de um futuro de sucesso só acontece quando temos a capacidade de viver responsavelmente o presente.
E o que ganhamos com o presente? Com vidas estressantes, mentes distraídas e falta de foco nas partes mais profundas de nós mesmos, não resta a menor dúvida de que teremos inúmeros benefícios ao reorientar nossa atenção para a relevância e o potencial do momento presente, como fator de equilíbrio emocional.
Antes vale também ressaltar o quanto importante é lembrar do passado e aprender com ele, e antecipar cenários futuros para prevenir nossos erros. Isso também faz parte do que nos torna humanos.
Um estudo da Universidade de Harvard, realizado com 2250 estudantes, no qual informavam diariamente suas atividades, seus pensamentos e seus sentimentos, feito pelos pesquisadores. Mathew Kilingsworth e Daniel Gilbert, demonstrou o lado positivo e o lado negativo de lembrar do passado e d antecipar cenários futuros.
Segundo eles, nós, seres humanos, temos essa capacidade única de nós concentrar em coisas que não estão acontecendo agora, nos permitindo refletir sobre o passado e aprender com os erros cometidos; permite que possamos antecipar e planejar o futuro. Todavia, dizem os pesquisadores, muitas vezes usamos essa habilidade de forma improdutiva, num excessivo fluxo mental para o passado e para o futuro, gerando profundos desequilíbrios em nosso ser.
Um exemplo disso é que muitas vezes, por falta de concentração no presente, terminamos agindo, em muitos casos, no piloto automático, de tal modo que não tomamos consciência da experiência que estamos vivendo. E o resultado de tudo isso é que a vida passa por nós sem deixar registros.
Rossandro Klinjey
Livro Eu escolho ser Feliz cap. 19
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