domingo, 14 de janeiro de 2018

A Proposta de Crescimento da Oração Pai Nosso


Como o maior psicoterapeuta que já existiu, Jesus conhecia profundamente a alma humana e aproveitava todas as oportunidades para apresentar Seus ensinamentos e propostas de crescimento.

Todos os acontecimentos eram aproveitados como lições iluminativas, como luz para clarear o caminho de escuridão que Ele sabia que necessitaríamos atravessar.

Aproveitaremos de um desses momentos grandiosos e, analisaremos a proposta de crescimento da Oração do Pai Nosso.

Jesus estava pregando no Sermão da Montanha para uma multidão de pessoas, e entre tantas pétalas de luz ele nos trouxe:

Pai Nosso ...
Jesus nos apresenta um Pai, amoroso, afável e que compreende nossas limitações, inclusive o fato de não entendermos que Ele é Pai de todos: dos certos, dos errados, dos santos e dos mundanos, daqueles que amamos e também daqueles que detestamos. Na nossa presunção tomamos a posse de Deus e O colocamos dentro da nossa caixinha de preconceitos e tentamos diminuí-lO, nós somos excludentes e achamos que Ele também.
 
Deus, como Pai amoroso que é, nos conhece por inteiro. E esse é o nosso desafio, sermos inteiros porque viver só de intenções não é o suficiente. Deus está além do limite que qualquer religião possa tentar colocá-lO.

Que estais nos céus ...
Que céu é esse? Em uma análise psicológica habitar a terra colocaria Deus a serviço das questões do ego, e Deus não se ocupa com nossas questões egoicas, a vida humana precisa desenvolver-se a partir do esforço pessoal para melhorar-se. Os céus são a representação de um estado onde o ego não domina, onde a entrega acontece, nesse lugar não existem expectativas, só o mais puro sentimento de amor, integridade e plenitude.

Como seria o mundo se Deus atendesse a todas as nossas vontades?

Santificado seja o Vosso nome ...
Santificar, literalmente, significa o processo pelo qual se separa algo ou alguém para um uso ou um propósito religioso, o que podemos entender que santificar o nome de Deus é compreender a sua função de integração na psique. Santificar é estar ligado a Deus, é honrá-lO de maneira tão profunda que, como propõe a teologia, nos aprimoraremos tanto como seres humanos que nos aproximaremos das qualidades divinas.

Isso significa que quanto mais nos conhecermos, mais a nossa relação com o Pai se torna estreita, pois teremos a capacidade de senti-lO como presença viva em nossas vidas. Santificar não é reconhecê-lO de fora para dentro, é senti-lO dentro para mudarmos fora o que precisamos mudar.

Venha a nós o Vosso reino ...
O reino de Deus é diferente do que entendemos por reino. Esse reino é regido pelo amor. “Venha a nós o Vosso reino” representa a nossa vontade de amar, essa é a nossa ânsia desde o momento em que nascemos. O coração do homem precisa ser o reino de amor onde possamos encontrar com Deus.

Precisamos abrir mão do poder terreno para que possamos usufruir da liberdade de ser reis de nós mesmos, de conduzir a nossa vida com a plena certeza de estar fazendo a coisa certa, porque o Rei maior que é Todo amor nos guia.

Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como nos céus ...
A vontade está ligada ao Self; desejar é atributo do ego. Mas ter vontade e direcionar a vida para realizá-la é impulso do Self. Aqui nos deparamos com as escolhas: se a nossa vida for guiada pelo ego, as nossas escolhas serão direcionadas para atender os nossos desejos imediatos; se estivermos direcionando a nossa vida aos apelos do Self, faremos escolhas desafiadoras e que nos coloquem na condição daqueles que compreendem que tudo o que acontece é para o nosso crescimento, para a nossa evolução.

Atender a essa vontade é o maior exercício de humildade!

O Pão nosso de cada dia nos dai hoje...
Mesmo com tantos necessitados do pão físico no nosso planeta, é ainda muito maior o número de necessitados do pão que alimenta a alma, a psique. Do que realmente temos fome?

        O pão é o alimento essencial, símbolo do alimento espiritual, assim como Jesus afirmou ser o Pão da Vida. Precisamos nos nutrir espiritualmente todos os dias, pois assim como nutrimos o corpo, nossa alma precisa ser abastecida dos valores eternos, da bondade, paciência, benevolência, humildade, da fé... E principalmente do fermento do amor.

        Essa busca pelo alimento da alma precisa ser feita no momento presente, no agora, precisamos vivenciá-lo todos os dias, sem adiamentos. Não precisamos fazer economia desse alimento, deveremos saboreá-lo ao máximo.

        Hoje... Jesus não diz simplesmente que devemos querer o pão, mas querê-lo hoje. E o hoje é a única certeza que temos, por isso, precisamos ser melhores aqui e agora, exatamente hoje. E no dia em que todos se alimentarem do pão espiritual, diariamente, o pão físico não faltará na Terra, porquanto vencido o egoísmo a prosperidade e solidariedade reinarão.

Perdoai as nossas dívidas, como também nós perdoamos aos nossos devedores...    
        O quanto estamos devendo à vida? Devemos: gratidão, compreensão, amor, gentileza, respeito, paciência, solidariedade, afeto e muito mais. Temos “dívidas” uns com os outros, com todos que nos precederam e prepararam caminho para nosso crescimento, e esse sentimento deve nos mover na direção da humanidade.

        Precisamos ter contato com as nossas fragilidades, aprender a lidar com os erros do passado, não para autovitimização ou autocondenação, mas para nos libertar deles através do autoamor e da responsabilidade que assumimos perante nossos atos. Caso não façamos isso conosco, dificilmente teremos condições de perdoar aos nossos devedores, pois estaremos vendo neles o que estamos deixando de fazer por nós e pelo próximo.

        A nossa dívida será perdoada na medida em que também conseguirmos perdoar o outro. Quando conseguirmos compreender que cometemos erros na trajetória, e que muitas vezes por orgulho deixamos de ser como poderíamos ser, também compreenderemos que o outro, na sua trajetória, encontra dificuldades no caminho. Quem aprende a amar, perdoa-se e perdoa. Libertando-se, também liberta o outro da responsabilidade do mal que nos atinge.

Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
        Toda mudança exige de nós que percorramos uma trajetória. Para isso, precisamos reconhecer as nossas prisões interiores e termos coragem para sair delas. Se não conhecermos a nossa sombra, facilmente cairemos em tentação, ou seja, nos identificaremos com ela de maneira tal que agiremos na vida de forma equivocada e muitas vezes perversa. E ainda a projetaremos fora, encontrando todo o mal no outro e no mundo, enquanto nos esquecemos de verificá-lo em nós mesmos.

        “Livrarmo-nos do mal” não significa querer se libertar por um passe de mágica do nosso lado sombrio, mas construir valores morais suficientes para sermos mais fortes que as nossas más inclinações. Que não caiamos na tentação do poder, das glórias externas, da ilusão do mundo material. Que tenhamos a coragem de nos livrar de tudo que possa nos desviar do caminho que nos une com o Pai.

(Amém) Que assim, seja!
        Amém, traduzido muitas vezes como “ >assim seja >”, tem origem hebraica, significando ainda “verdadeiro, firme seguro. Que todo esse caminho seja a nossa “verdade”, que “assim seja” a nossa trajetória iluminativa, para que finalmente possamos encontrar Deus dentro de nós mesmos, e a partir disso reconhecer a Sua presença em cada um dos seres vivos, e em todas as coisas.

       O “Pai Nosso” é trajetória psicoterapêutica de valor inestimável, que de >oração > deve transformar-se em ação¸ em cada um dos seus passos, para que um dia possamos ser perfeitos, como perfeito é o Pai Celestial.

Isis Sinoti

http://www.correioespirita.org.br/categorias/artigos-diversos/1499-a-proposta-de-crescimento-da-oracao-do-pai-nosso
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