terça-feira, 16 de julho de 2019

SABEDORIA





Ter sabedoria consiste em possuir uma “leitura de mundo” voltada para o senso íntimo capacidade de receber informações sobre as mudanças no meio (externo ou interno) e de a elas interagir, exprimindo atos e atitudes únicos e originais.


O sábio, por ter plena consciência da impossibilidade de possuir o conhecimento absoluto, reconhece com humildade as muitas coisas que ignora, não incorrendo na presunção de tudo saber ou conhecer. Aliás, o orgulho inibe a compreensão de tudo aquilo que se alcança com humildade.

A pessoa sábia não se opõe à ação da Natureza, mas entra em sintonia e atua juntamente com ela. “Todas as leis da Natureza são leis divinas, porque Deus é o Autor de todas as coisas.”(1)

Quando desprezamos nossa fonte de sabedoria interior (propriedade inata de todos nós), rejeitamos parte importante de nossa realidade interna, porquanto as leis de Deus estão escritas na consciência. (2) A expressão consciência, aqui utilizada pelos Guias da Humanidade, tem a mesma significação de Espírito, pois, se as leis divinas estivessem simplesmente na área consciencial do ego – sensações, percepções, emoções e motivações -, não teríamos maiores dificuldades de compreendê-las ou aplica-las. Ao ignorarmos o potencial em nossa intimidade, nosso campo de visão existencial fica obscuro e distorcido e não conseguimos nos firmar perante a existência.

Os grandes educadores da humanidade são considerados homens de sabedoria. São eles que caminham à frente no tempo e no espaço, revelando-nos capacidades e habilidades ocultas, que sempre existiram dentro de nós. À custa de muito trabalho e enormes sacrifícios, os “pioneiros sapienciais” utilizavam como eixo principal de sus lições a importância do reino interior, ensinando-nos com notável propriedade que “o mundo a ser desvendado está no âmago da criatura”, que o “divino está no humano”, uma vez que tudo que há em nós é sagrado. Por essa razão, hoje entendemos perfeitamente as palavras de Jesus Cristo: “O Reino de Deus está no meio de vós”(3).

A partir disso, compreendemos que o modo de ensinar de todos os grandes mestres baseava-se fundamentalmente na educação como método de percepção e, ao mesmo tempo, de desenvolvimento dos talentos inatos – a vocação peculiar e espontânea existente dentro do próprio homem. O verbo educar vem do latim educare e significa “ação de lançar para fora, colocar à mostra, tirar de dentro”.
Educar não é obrigar ou constranger alguém a aprender por meio de força ou pressão moral, mas exprimir e liberar a potencialidade do ser. Também não é imprimir, porém fazer brotar ou emergir os dons subjacentes. Menos ainda seria formar, impondo uma forma; ou contrário, seria desentranhar do mais fundo da criatura o seu próprio modo de ser.

A conquista da sabedoria proporciona aos homens flexibilidade suficiente para que não mantenham a mente fechada a novas informações e não vivam dentro de regras e padrões sociais rígidos.
Os sábios entendem que o bom senso, unido a uma consciência reflexiva voltada para o “conhecimento original” deve anteceder a toda decisão, opção ou solução.

Eles não deixam que instruções, classificações e análises acumuladas no decurso dos tempos sufoquem a “sabedoria primitiva” contida na própria alma. A propósito, as regras injustas da sociedade e as religiões fundamentalistas, presas a modelos rigorosos e a severos padrões de pensamento, funcionam como autênticos entraves à sabedoria interior.
 
Os sábios aprenderam que, muitas vezes, os “procedimentos e hábitos” de uma época repercutem de tal forma sobre as pessoas, que elas passam a vê-los, primeiramente, como “normas ou regras sócias”; depois, ao longo dos séculos, como  “ valores e condutas morais”, chegando, por fim, ao ponto de considera-los como “leis ou ordens divinas”.

O Criador não estabeleceu leis que, em outras épocas, Ele próprio teria proibido. Seria bom lembrarmos que as concepções e ideias sofrem interferências dos fatores tempo e espaço. As pessoas diferem em seus conceitos sobre os costumes – modo de pensar e agir característico de indivíduo, grupo social, povo, nação - , porque eles são constantemente reavaliados e renovados através do tempo e das sociedade humanas.


“Deus não pode se enganar. Os homens é que são obrigados a mudar suas leis, porque são imperfeitas. As leis de Deus são perfeitas. A harmonia que rege i universo material e o universo moral está fundada sobre as leis que Deus estabeleceu para toda a eternidade”(A)


As leis elitistas são transitórias porque foram criadas pelo prestígio de um grupo social ou pelo domínio de um povo ou nação em determinada época. Todavia, são constantes e imutáveis “as leis que Deus estabeleceu para toda a eternidade”.

Ter sabedoria consiste em possuir uma “leitura de mundo voltada para o senso íntimo – capacidade de receber informações sobre as mudanças no meio (externo ou interno) e de a elas interagir, exprimindo atos e atitudes únicos e originais.


Cada indivíduo possui um canal sapiencial que pode entrar em sintonia com a fonte abundante da sabedoria universal, sábio tem a capacidade de se autogovernar, uma vez que, a penetrar na essência das coisas, analisa-as e sintetiza-as sem prejulgamentos, utilizando somente a própria coerência e a autenticidade provenientes de seu reino interior.

(1) Questão 617 de “O Livro dos Espíritos”
(2) Questão 621 de “O Livro dos Espíritos”
(3) Lucas, 17:21
(4) Questão 616

(A) Deus prescreveu aos homens, em uma época, o que lhes proibiu em outra?
“Deus não pode se enganar. Os homens é que são obrigados a mudar suas leis, porque são imperfeitas. As leis de Deus são perfeitas. A harmonia que rege o universo material e o universo moral está fundada sobre as leis que Deus estabeleceu para toda a eternidade.”

SABEDORIA
O saber implica a facilidade de elaborar ideias simples para explicar cosas aparentemente complexas, utilizando-se os recursos fecundos inspirativos do universo interior.


Há séculos, os grandes pensadores e filósofos vêm-nos ensinando que o autoconhecimento é a base primordial para alcançarmos a verdadeira sabedoria. Mas, para saber realmente quem somos, precisamos mergulhar nas profundezas do ser e buscar a sabedoria existente em nosso mundo íntimo.
Se fomos criados por Deus e se Ele colocou em nós a sua marca – a ideia de Deus é inata no homem(1) - , ao nascermos, já trazemos como herança a marca divina. A onipresença do Criador abrange todo o Universo, manifestando-se em todas as suas criaturas e criações. Portanto, o passo fundamental para entrarmos em contato com o verdadeiro saber é tomarmos consciência de que Deus está em nós, somos deuses em potencial, conforme a expressão evangélica.

Ser sábio não se fundamenta apenas no grau de informações ou de conhecimento que temos sobre a vida terrena. Nem sempre indivíduos requintados e instruídos são portadores de senso íntimo bem desenvolvido ou de alto nível de discernimento. Não devemos confundir cultura ou instrução com sabedoria.

Muitas pessoas cultas não são sábias, apesar de ostentarem um ar de superioridade intelectual. Não distinguir instrução de sabedoria é como não diferenciar diamantes de contas de vidro. A Espiritualidade Superior nos estimula a manter contato profundo e significativo com nossa força interna, a fim de que possamos nos familiarizar com a “voz da consciência”.

O saber implica a facilidade de elaborar ideias simples para explicar coisas aparentemente complexas, utilizando-se os recursos fecundos e inspirativos do universo interior.
O conhecimento do sábio provém do mundo silencioso. É no silencio que a introspecção enlaça o santuário da sabedoria. Quem mais conhece menos alarde faz; quem pouco conhece faz muito estardalhaço.

Precisamos adquirir o hábito de dedicar algum tempo ao silêncio da meditação, uma vez que o  “olho interior” nos proporciona inúmeras formas de percepção (nós próprios, o mundo, a Natureza e Deus); enfim, ver o fundo e não apenas a superfície das coisas.

A sabedoria está igualmente ligada à forma como notamos a sutileza do mecanismo cíclico que move o Universo. Nele, tudo obedece a um ritmo natural; a raiz de nossa evolução corporal/espiritual está fincada nas íntimas relações com a Natureza. Se nos observarmos mais atentamente, veremos que somos parte dela.

O fluxo da Vida faz com que tudo se realize num reciclar constante e periódico. Nos pequenos seres, ela repete, em menor escala, o magnífico e imensurável movimento cósmico.

Na Terra, como em toda a criação, tudo é submetido a movimentos alternados, desde as marés, as fases da lua, as interações entre os organismos dos ecossistemas, a diversidade dos fenômenos meteorológicos, os biorritmos humanos e outras tantas coisas.

Quando admitimos o conjunto das forças que movem e animam a evolução da vida, começamos a perceber o dinâmico e sábio processo da ritmicidade que existe dentro e fora de nós. O desenvolvimento evolutivo nos mostra que tudo se encadeia harmonicamente.

Na questão 540 (2)de O Livro dos Espíritos, obra básica do Espiritismo, encontramos a seguinte exposição:


“( E assim que tudo serve, tudo se coordena na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo que, ele mesmo, começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia da qual vosso espírito limitado não pode ainda entender o conjunto.”


A ação do homem desprovido de sabedoria tende normalmente a modificar, de acordo com seus caprichos ou pontos de vista pessoais, a Natureza que o cerca. Desse modo, as atitudes dele resultam num desgaste inútil de suas forças físicas e intelectuais e numa agitação desnecessária sem qualquer possibilidade de atingir a meta pretendida. Ao contrário do homem sábio, que não se opõe à ação da Natureza, mas entra em sintonia com ela, realizando e atuando a seu favor.

A criatura humana intelectualizada desenvolve-se no sentido horizontal, enquanto a verdadeiramente sábia transcende no sentido vertical.

O sábio é aquele que desenvolveu a capacidade sapiencial de comparar, avaliar e ponderar as ideias com a precisão dos cientistas, com a generosidade dos benfeitores, com a sensibilidade dos poetas, com o bom senso dos filósofos, com a naturalidade das crianças e com o desprendimento dos que amam sem condições.

(2) Questão 6 de “O Livro dos Espíritos Questão 540 


Os Espíritos que exercem uma ação sobre os fenômenos da Natureza agem com conhecimento de causa, em virtude do seu livre-arbítrio ou por um impulso instintivo ou irrefletido?

“Alguns sim, outros não. Eu faço uma comparação: imagina essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem surgir do mar as ilhas e os arquipélagos; crês que nisso não há um fim providencial e que uma certa transformação da superfície do globo não seja necessária à harmonia geral? Esse não são mais que animais da última ordem que cumprem essas coisas para proverem suas necessidades e sem desconfiarem que são os instrumentos de Deus. Muito bem! Da mesma forma os Espíritos , os mais atrasados, são úteis ao conjunto. Enquanto ensaiam para a vida e antes de terem a plena consciência dos seus atos e seu livre-arbítrio, agem sobre certos fenômenos dos quais são agentes inconscientes; eles executam primeiro; mais tarde, quando sua inteligência estiver mais desenvolvida, comandarão e dirigirão as coisas do mundo material. Mais tarde, ainda, poderão dirigir as coisas do mundo moral. É assim que tudo serve, tudo se coordena na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo que, ele mesmo, começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia da qual vosso espírito limitado não pode ainda entender o conjunto.”


Extraído do livro Os Prazeres da Alma – psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto – pelo espírito de Hammed.

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