terça-feira, 21 de maio de 2019

DOR EMOCIONAL


O indivíduo interpreta a dor normalmente como de origem física. Mas é necessário compreender que a dor, mesmo quando física proveniente da alma. O surgimento de dores, de doenças, por exemplo, acidente vascular, índica a existência de conflitos ocultos que o indivíduo traz de experiências anteriores ao período de vida uterina, associando-se também à experiência vivida no ventre da mãe durante a gestação e, dessa forma, vem acrescentar a novas experiências adquiridas ao longo da vida entre crenças, valores e pensamentos negativos.

A dor emocional é análoga à dor física no que tange em nos advertir que algo ocorre de forma adversa ao que se desejara, causando desavenças, insatisfações, tormentos ou conflitos.

A dor do ser é considerada como sofrimento intangível, não podendo ser equalizada, nem dividida, nem transferida e somente a aquele que a vivencia é possível expressar a dimensão do seu sofrer. Muito se tem feito em todas as épocas para esquivar-se da dor física e emocional. Porém, ele parece perseguir o indivíduo ao longo das existências, manifestando-se de forma biopsicossocial.

Denota-se um vínculo efetivo entre os fatores fisiológicos, psicológicos e sociais e, quando não há uma harmonia neste aspecto, desencadeia uma insatisfação de sintomas com características clínicas e psicológicas.

A dor, ao se manifestar, deve ser identificada quando proveniente de cada área biopsicossocial, pois embora elas se miscigenem, têm sua origem desencadeadora na dificuldade do indivíduo em lidar com seus próprios sentimentos, com os relacionamentos, com as frustrações e as decepções.

A manifestação da dor biológica desvela-se como uma disfunção de algum órgão, e o seu mau desempenho é suscitado por fatores extrínsecos, como outros organismos geradores de infecções, doenças autoimunes e outros. O organismo se torna incapacitado de realizar a homeostase, isto é, apresenta dificuldades em manter em constante equilíbrio a estrutura e fisioquímica, o sistema circulatório, o sistema respiratório, o sistema nervoso central, o sistema endócrino e outros, para enfrentar as variações naturais do ecossistema e do meio social.

Entretanto, no fator biológico, a substância genética é transmitida por meio da hereditariedade, que traz junto do ADN (ácido desoximbonucleico) no decurso pelo qual a célula caracteriza e efetua retificação nas moléculas do ADN, havendo assim um processo de mutação que irá alterar o desempenho do organismo. Atribui-se também como disfunções orgânicas as condições de padrões vibracionais a que a mãe esteve exposta no período da gestação do indivíduo. Portanto, fatores emocionais são os principais agentes indutores na mutação do DNA, propiciando a cura ou o desencadeamento de doenças orgânicas.

- Salientando ainda sobre os fatores emocionais estressantes e tormentosos em que a mãe se submete durante o período gestacional, torna-se agente propulsor de provável mutação biológica no feto, alterando o receptor dos hormônios. Gerando, assim, graves consequências na infância ou em outro momento da vida do indivíduo, que poderá ser acionado como um gatilho diante de um estímulo. Considera-se, ainda, quando tal gravidade de procelosa ambiência incide sobre o feto, desencadeia doenças mentais e comportamentais devido às variações genéticas ocorrida na vida intrauterina.

No fato psicológico, frequentemente a dor é uma junção de sentimentos em desarmonia, podendo a mente produzir dores irreais, decorrentes de sensações provocadas pela somatização de sentimentos. O medo, a perda, a culpa, a ansiedade, a estrutura cognitiva, a percepção e o discernimento nos episódios cotidianos, a autoestima baixa, a depressão, são coeficientes fundamentais da dor psicológica.

No fator sociocultural, a dor está vinculada às influências de relação do indivíduo no confronto com a sociedade, mediante as experiências adquiridas na convivência familiar, com amigos, no trabalho, pelos seus hábitos, sua forma de sentir, suas atitudes, sua maneira de ser, como também em suas reações a até na sua representação perante a sociedade.

A personificação exteriorizada pelo indivíduo é o reflexo do seu estado interior emocional. Portanto, a doença não é causa da dor e sim uma consequência da constante rebeldia mental que se fixa na constituição física. 

Ilusoriamente segue o indivíduo atribuindo aos outros a culpa por suas dores e frustações, assim permanecendo na consciência adormecida, fazendo a projeção da própria inconsciência de sim mesmo. Dessa forma, torna-se oportuno atribuir à culpa aos outros, por medo de enfrentar a própria consciência a assumir a responsabilidade pelo seu próprio sofrimento. Portanto, o indivíduo cria um deslocamento de responsabilidade do Eu para o outro.

Inconscientemente o indivíduo passa a manifestar comportamentos autodestrutivos, sentindo-se incapaz de enfrentar os desafios, inicialmente vitimizando-se nas situações afligentes e depois vai progressivamente para todas as outras situações cotidianas. Exterioriza então seu negativismo, passando a proferir frases como:

- “Sou injustiçado, sempre perseguido e impedido de agir conforme planejo e como gostaria por interferência dos outros.”.

- “Os projetos que elaboro não consigo colocar em prática por perturbações, disfunções que me absorvem e perseguições que desconheço.”.

- “Sou sempre excluído de alguma forma do meio em que me relaciono, seja ele profissional social ou familiar.”.

- “Tenho certeza de que estou sendo castigado por Deus, que nasci destinado ao insucesso, pois sei que o resultado de qualquer coisa que fizer será sempre destruidor, um verdadeiro fracasso.”.

- “Não tenho culpa de estar passando por toda essa situação desastrosa.”.

- “As pessoas nunca me entendem e só têm críticas para comigo.”.

- “Não aguento mais, estou no meu limite.”.

A dor que se manifesta lancinante por uma decepção, por uma relação rompida, por uma traição, uma perda social ou perda emocional, ativa determinadas áreas cerebrais, podendo ser comprovado por meio de um exame de imagens de Ressonância Magnética Nuclear, onde o cérebro registra a dor emocional. Portanto, o cérebro compartilha a mesma área quando uma dor física ou uma dor emocional se manifesta.

Quando a dor emocional cala fundo e a boca se fecha, negando o direito da mente de se expressar, de sentir, então a angústia quebra a resistência corpórea e aciona, como uma válvula de escape, algum órgão em estado de maior vulnerabilidade genética ou fragilidade adquirida.

Utiliza-se, então, várias formas de fuga, para a dor emocional, tentando anestesia-la pelo maior tempo possível. A busca pelo prazer se dá de maneiras diversas: saborear guloseimas, compulsões pelo trabalho, por jogos, por compras, pelas redes sociais. Como também contrair vícios, como: o uso do álcool, do fumo, e de drogas. Isso tudo ocorre geralmente na busca pelo prazer em um estado transitório.

Estabelecer-se um crescente processo de fuga na investida de sentir sensações de alívio, o que, de fato, agrava ainda mais o quadro de ansiedade, pois a emoção em conflito ainda permanece camuflada e assim vai se tornando um círculo ainda mais vicioso.

No momento em que há uma inquietação, o indivíduo aciona o mecanismo de fuga por meio da compensação, procurando algo para fazer, indo à geladeira atrás de guloseimas, procurando, porém sem fome, ou seja, sem necessidade alguma, pois se encontra biologicamente satisfeito. Na realidade, essa inquietude são as dores íntimas se manifestando, as quais ele não enfrentou ainda.

No momento em que são acionados os sentimentos de medo, de angústia, de culpa ou de solidão, se lhe for indagado o que está sentindo naquele determinado instante de inquietação, como ainda não consegue identificar a miscigenação de emoções por não ter entrado em contato direto com elas, responderá simplesmente que é “ansiedade”.

De modo insensato, mescla-se a isso a chamada “ótima fase”, onde tudo parece estar maravilhoso. Por mais que o indivíduo pareça estar feliz, no íntimo existem os medos, os sentimentos ocultos que estão transitoriamente adormecidos, tais como: preocupação com a família, medo de perder alguém, medo da morte, preocupações financeiras, instabilidade no emprego, insegurança no trânsito e outras mais.

Entretanto, permanecem ainda aqueles sentimentos não resolvidos do passado, que continuam sendo somatizados no íntimo, tais como: a culpa por ter causado algo, mágoa de alguém, alguma rejeição sofrida, a perda de um amor, uma traição, um ressentimento contido, uma revolta, o inconformismo por algo, uma violência na infância, uma tortura psicológica, a cessação de um relacionamento e tantos outros sentimentos.

No intento de esquivar-se da dor, o ser humano faculta dor maior, devido estar em constante negação das suas emoções ao invés de enfrenta-las. Em consequência disso, surgem inúmeros agravantes, outros transtornos como compulsões, ansiedade em elevado grau, quadros de obesidade, dependência do uso de drogas lícitas ou ilícitas, depressão, pânico e outros.

O ego dispõe de vários mecanismos no esforço de dissimular os seus conflitos como fuga da realidade. Quer seja pelo mecanismo de Projeção, de Deslocamento, de Introjeção. De Compensação e Sublimação, estes são sempre fugas que propiciam sofrimentos.

A Verdade quer lhe evidenciar suas próprias contradições, suas próprias complicações emocionais, suas inúmeras tentativas de manipular as pessoas, suas mentiras constantes, os seus desaforos. Enfim, se o indivíduo insistir em permanecer na fuga em vez de enxergar suas próprias dificuldades com a verdade estará então rejeitando o caminho para o crescimento, permanecendo, assim, a alimentar relacionamentos destrutivos.

É quase indeclinável ao indivíduo se deparar com a verdade, utilizar de mecanismos de defesa psicológica para se proteger da dor, se tornar muito defensivo emocionalmente, afastando pessoas do seu relacionamento e, dessa forma, deixando de haver uma troca de benefícios entre eles.

O ser humano reage defronte à verdade, que ilumina sua mente a expor os seus defeitos de caráter, utilizando a negação por meio do “desculpismo” como fuga. Diz então na “doença da negação” ou por outros mecanismos.

- “Bebo porque gosto, é só para relaxar. Sei me controlar e paro quando quiser.” (Na verdade, bebe exageradamente porque não tem autocontrole).

- “Fui mal na prova porque caiu matéria que ainda não havia sido dada”(o aluno foi reprovado porque não estudou para a prova).

- “Não consegui aquele relógio porque não estava interessado e nem era tão bonito assim...” (Na verdade, não teve meios financeiros para adquiri-lo.).

Neste momento, torna-se inevitável identificar os liames das fragilidades e das dificuldades morais do ciclo vicioso e negativo já instalado, como o egoísmo, a culpa, o ciúme, a inveja, a raiva, a indiferença, o orgulho, a tristeza, as mágoas, a ansiedade, o medo, o ressentimento, a humilhação, a rejeição, a vergonha, e a depressão. Portanto o indivíduo identifica a existência de uma face escura, oculta e é preciso ter coragem para se enfrentar, pois nem as pessoas ou as coisas são como aneladas por ele.

Quando o indivíduo opta pelo enfrentamento dos conflitos assimila que é inevitável o autodescobrimento. Percebe que por meio das suas dores existe sempre um aprendizado oculto. Dessa maneira, passa a desvendar os seus conflitos camuflados e segue e busca da cura do sofrimento e da dor.


TERAPIA DE APOIO
 
Diante de qualquer distúrbio orgânico, psicológico, mental ou emocional, se faz necessário um tratamento com terapêutica especializada, levando-se em consideração que a origem de todo infortúnio advém do Espírito, visto que nele se encontra o gérmen de qualquer enfermidade.

Este momento é imprescindível para o indivíduo compreender o fundamento da dor que lhe atormenta. Portanto, para libertar-se da bagagem emocional que tem afligido, é necessário encará-la. Isso não significa reviver e remoer velhas mágoas e feridas do passado e trazer à tona como uma avalanche de revés que irá amargurá-lo por dias ou semanas, torturando-o. Não! Irá fazer um mergulho interior para identificar as emoções que ficaram travadas, os desafios não superados pela dor, as alegrias sufocadas, o coração fragmentado e amofinado a ser recomposto.

É preciso compreender que existe outra dimensão da dor não identificada e que essa vem de um passado transitório. O indivíduo não tem lembranças conscientes sobre tal passado e por isto diz que é algo muito pessoal o que sente e traz consigo. Também é necessário admitir que a dor é somatizada a situações vivenciais em relacionamentos que tem rotulado como os únicos agentes dessa dor.

Para tal, irá identificar cada período da vida que traz cargas de emoções negativas e se encontram adormecidas no inconsciente desde a infância. Criará um mecanismo de estrutura de apoio, utilizando um bloco para diagnose, descrevendo minuciosamente cada ciclo de emoções que realmente marcou cada fase de sua vida. Os passos a seguir o ajudarão nesta identificação.

- Relembre os relacionamentos complexos separadamente. Os diálogos, os sentimentos, as sensações que ficaram guardadas e as que foram externadas, as barreiras enfrentadas, a rejeição, a raiva, a estagnação, os atritos, as proibições, as justificativas, os embaraços, os medos, as perdas, os constrangimentos, enfim, as angústias dos vínculos afetivos.

- Observe agora individualmente cada fase, calmamente e com especial atenção. Não tenha pressa. Não queira elaborar a diagnose de toda memória emocional de uma só vez, banalizando todo sentimento. Perceberá que, ao enfrentar tal emoção, houve uma ação psicossomática onde algum órgão funcionou como válvula de escape, recebendo toda descarga energética não suportada na mente. Na realidade, as emoções provocam transformações no organismo, inibindo ou liberando a produção de substâncias como adrenalina, cortisol e serotonina.

- Inicie agora o mergulho interior. Para isso, é preciso tomar consciência da sua respiração e silenciar a mente antes de fazer a rememoração.

- Respire de forma estável e salutar, aliando o controle da respiração à inserção da meditação, conforme as etapas a seguir:

 * Acomode-se em posição confortável em uma poltrona, mantendo a coluna ereta de maneira que se sinta tranquilo e aprazível.

* Com os olhos fechados, observe sua respiração e conecte-se com a movimentação do ar que está naturalmente aspirando e expirando.

* Conforme for percebendo mais e mais a respiração, vá se desligando do ambiente externo, de qualquer som ou pequeno movimento que possa haver, como também dos pensamentos que surgem à mente.

* Em estado de relaxamento, aspire o ar suavemente pelas narinas e leve-o até a região baixa dos pulmões, expandindo o abdômen à medida que o ar vai entrando.

* Conserve o ar retido por alguns segundos, somente para efetuar uma pequena pausa respiratória. Em seguida, libere lentamente o ar pela boca entreaberta, até esgotar todo o ar dos pulmões. Faça outra pequena pausa no movimento da respiração, mantendo-os vazios por alguns segundos antes de repetir à dinâmica.

* Pratique pelo tempo que sentir ser conveniente à sua harmonia, conservando em ritmo estável e sempre respeitando seu limite. Cinco minutos, dez minutos, quinze minutos, trinta minutos? O tempo que sentir bem-estar, segurança e conforto.

* Praticar diariamente a respiração diafragmática por alguns minutos, traz grandes benefícios: reduzindo o estresse e as tensões, como também revitaliza a energia e fortalece a resistência mantendo a mente mais tranquila. Desta forma desenvolverá a consciência essencial para a meditação.

* Após iniciar o processo aspirar e expirar por completo por três vezes, permaneça na mesma posição, de forma confortável, absoluto e consciente, e inicie seu mergulho interior, aspirando o ar lentamente e examinando nos recantos das lembranças desde quando e de onde vem esta dor?

* Quem eram as pessoas vinculadas ao relacionamento desditoso no seu passado? Qual foi exatamente o contexto em que se deu a situação desagradável? Em que período isso ocorreu, seja na infância, na adolescência, na vida adulta ou até na atualidade? Quais eram os sentimentos que o envolviam em tal ocasião?

* Identifique o sentimento que lhe aflora, dê um nome a esta dor: mágoa, ressentimento, medo, raiva, revolta, rejeição? Siga em frente e não se envergonhe do sentimento que acabou de reconhecer. É natural se surpreender ao identifica exatamente o que se sente. Comumente, o indivíduo carrega uma bagagem de dor emocional por longos anos ou até mesmo por uma vida toda e não consegue se libertar por sequer saber o que sente somente a dor. Por isso, anote tudo, até esgotar as ações e emoções e sentir-se desabafado.

* Sirva-se do Bloco do Mecanismo de Estrutura de Apoio para efetuar a diagnose sobre o mesmo contexto conflituoso, mas por outro aspecto: colocando-se no lugar da outra pessoa. Descreva no bloco o que estaria pensando no lugar dela no momento do conflito? Qual o real motivo que a teria levado a confrontá-lo? Como estaria se sentindo? Quais as emoções externadas e as retidas por ela também? Quais os constrangimentos sentidos por ela, medos, raivas, justificativas, perdas, angústias? Anote até sentir-se aliviado e extenuar todas as emoções.

- Dispõe agora de duas interpretações completas, anotadas no seu Bloco do Mecanismo de Estrutura de Apoio. Necessitará de mais uma interpretação, utilizando uma terceira visão. Para essa, porém, será necessário que se desprenda das duas perspectivas anteriores e das emoções a que elas o levaram.

* Aplique o mesmo mecanismo, porém, agora, simplesmente narrando uma história, olhando-a de fora do contexto, referindo-se a duas pessoas desconhecidas. Identifique-as como duas personagens, com nomes diferentes da vida real. Narre o contexto de ambas as partes, sob as suas perspectivas e ao sabor das emoções de quem conta uma história.

* Concluída mais essa etapa, desconecte-se do conflito em referência e retorne ao ciclo de respiração diafragmática até sentir-se relaxado, com a mente serena, sem pensar nas emoções volvidas, ou em qualquer lembrança desagradável.

Seu olhar diante do fato já não lhe fere mais a alma, pois conseguiu penetrar nos diferentes lados, nas causas e nas emoções geradas pelo mesmo fato. Dessa forma, na segunda etapa, ao colocar-se no lugar do outro, identificando outras emoções até então não sentidas. Quando estiver na terceira etapa, já conseguiu desprender-se do ponto de vista que o manteve paralisado e, com certa leveza e, até talvez, certo humor, narrar o ocorrido.

  Nise da Silveira

Psicografia de Iraci Campos Noronha – Livro Reconstruindo Emoções.

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